segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tempo e o horizonte

Tempo, tempo
Cada tique taque pulsa uma perda
Um grito preso na garganta
Tempo, temor tremor de tempo.

O tempo cegou-me, horizonte.
Não tenho mapa nem bússola
Conto com o único capitão
Que taciturno está

Não vejo porto, horizonte.
Recosto-me em brandas águas
Até encontrar solo fértil
Ora, ao menos sei onde há solo!

Reviro-me a mente, horizonte.
Ela se cansa de nadar
Espero que o que antes era taciturno
Resgate-me, ou faça-me sobrenadar.

Já não respiro, horizonte.
Vês-me. Ainda não morri?
Abro os olhos... Construo morada
Morada transitória

E algum dia, tempo,
Você ensinará ao horizonte
Que se pode morar no mar
E não se ultimar a estação

Mas diga a ele, tempo,
Que no mar não se vê horizontes.
E que não se vive nas profundezas

Não por si só.

Quando escrevo

Sei que é raro quando escrevo
Mas não necessito de versos
Quando se vive poema

Se já é raro quando escrevo
O ensejo é muito simples:
Vivo de alegria disposta, jamais descrita.

Se, pois raro escrevo,
Nada perco dessa nuvem intangível
Só quero pés, pés na nuvem ou não.

Sei que quando raro escrevo,
De tudo, pouco mostro cor
E no muito, tudo faz-me amor.

- por Alessandra Reggio/2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Inquebrável

Analiso surpresa:
Permaneço sorrindo sozinha
Hoje eu sei
Que tão belas palavras geram cura,
Vindas de você.

Mesmo sem saber
Cingistes de matéria pura
Minha distorcida memória.

Golpe mortal em biografia seca,
Sentimento inquebrável.

Não há espaço para inventar
Estou a sufocar nesta inclinação
Pelos olhos teus.

24 de março de 2009
Alessandra Reggio

Alguém

Não há razão para esconder
Alguém furtou algo escuro que jazia ao redor
Alguém ofereceu cor aos meus olhos cansados,
Algo como o de sonhos ressuscitados.
Alguém elevou-me a esperança.
Alguém que não vê o tempo discorrer
Alguém pra sorrir e gastar palavras.

Que espécie de alguém é esse... Que quase instantaneamente, fez lançar meu pranto, deslembrar meu temor e fez meu coração arder?
...Enviado de Deus de qualquer maneira.
Alguém com algum propósito, do qual hoje não posso identificar.

13 de fevereiro de 2009,
Alessandra Reggio

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Dias Plenos

Desculpe-me se não soube traduzir-te em palavras
Tudo o que vi, senti.

Era o gosto de uma projeção calculada,
Passando sobre mim como algo doce e real,
Juro-te
Minha pulsação irregular não mentiu.

Dias plenos e imutáveis
Não desgrudam de minha história.
Pois ao lembrar-te
Morrem os dias iguais.

Custo a abrir os olhos.

Há quanto tempo não sinto o piso frio sob meus pés?


Alessandra Reggio/31.03.09

quarta-feira, 18 de março de 2009

Tudo que és

Mãos atadas,
De corpo fora,
Tenho direito de pausar-me,
Nada fiz
Pois tu és...

Demoro-me neste extenso sorriso,
No grito de um início bom.
A centelha de desacertos
São transparentes aos olhos meus

Tudo que foste
É algo próprio aos ouvidos.
Tua presença, de qualquer maneira
Furta doses de ar,
E apela a boas impressões.

Peça aos meus olhos
Pra que desviem dos seus,
Pois é impossível fitá-los
E continuar sã.


Alessandra Reggio/18.03.09

quinta-feira, 5 de março de 2009

Olhos Nus

Não é difícil se lembrar daquele vasto olhar.
Há desígnios ocultos,
Essência a olhos nus,
Alma transparente em fundo negro.

É inquietação silenciosa,
Entendimento que dói, impossível se afastar.

Aquele olhar de sim e não,
é de impossível interpretação.

Então calo-me, porque não descubro-te.


Alessandra Reggio/2009